Sob as sombras de uma nova terra...

Percebendo como Theodorus tratava minha senhora eu ficava incomodado, com ciúmes, eu deveria ter dito aquelas palavras, estava perdendo espaço e é hora de recuperá-lo antes que me torne inútil o suficiente para não ser mais desejado. Falo para Manuela:

E como sempre fiz, preferi aguardar sua presença e garantir sua segurança.

Olho para Theodurus e continuo:

Nunca se sabe que surpresas um convite de um imortal pode trazer, e nem sempre são boas. Mas fique tranquila minha senhora, certifiquei-me de que tudo estivesse bem para sua chegada.

Ofereço meu braço para acompanhá-la.

Ouço Luis Miguel e quando ele termina digo em voz baixa, quase como um sibilo:

- Irmão, é igualmente reconfortante encontrá-lo! Sei tanto quanto vos sobre esse assunto. Vim até tu, pois Theodorus trouxe ordens de Lemes Brito. Devemos nos reunir. Agora que já sabes das ordens de nosso senhor, queira me dar licença, preciso encontrar Manuela e suas crias.

Começo a me afastar dando uns três passos em direção ao cômodo onde está ocorrendo o sermão. Viro-me e digo:

- A propósito. Se quiser ajudar, vá ao encontro de Theodorus e veja se ele já os encontrou. Eu continuarei procurando por aqui. Caso eles já estejam todos reunidos, você poderia voltar aqui e me avisar?

Caminhando para  a porta olho para Theodorus e Fernando e digo com uma risada:
Parecem dois cães disputando os afagos de sua dona!
Mostro a lingua e saio correndo.

THEODORUS, OBEDIAZ, FERNANDO E ANTHONY:

Manuela que estava entre Anthony e Ludmilla avança e estende um braço para cada um. Com um sorriso simpático ela lhes responde:
"Vou aceitar a escolta dos dois cavalheiros. Por favor, levem-me até Lemes Brito, esta cantoria me incomoda."

Theodorus, Obediaz e Fernando estranham pois o sermão só poderia ser ouvido do lado de dentro do navio. Anthony sequer sabia do que sua senhora estava falando, talvez fosse apenas uma mentira qualquer.

Quando Obediaz sai correndo, Manuela diz em voz baixa, ainda sorrindo, mas com uma maledicência sobrenatural no olhar:
"Cães rebeldes são constantemente açoitados por seus senhores, espero que esse diabinho, como bem dizes Theodorus, lembre-se disso. Só um monstro como Juan daria o dom das trevas para uma criança, ele coloca todos nós em risco, espero que Lemes Brito saiba cuidar dele.

Todos vc´s, Manuela, a bruxa anciã, Theodorus, Fernando, Ludmilla e Anthony entram no convés e seguem pelos corredores ouvindo os passos apressados de Obediaz.

Em poucos minutos encontram Obediaz parado alguns metros perto de Alexandr e Luiz Miguel, já estavam todos reunidos praticamente.

LUIZ MIGUEL E ALEXANDR:
Antes que pudessem se despedir um do outro vc´s escutam passos acelerados, alguém corria pelo convés, temendo alguma coisa vc´s se preparam para o pior.

Mas nada poderia ser pior do que o ocorrido, o pequeno Obediaz parava na frente de vc´s, sorrindo, com seus lábios infantis e malditos, como uma criança que acabara de fazer alguma travessura, mas no caso dele, se tivesse feito alguma travessura, estaria colocando todos os imortais em risco.

Ele sorri e no corredor atrás dele surgem Manuela seguida dos outros vampiros, Theodorus, Fernando, Anthony e Ludmilla.

Claro meu irmão,  procurarei na proa, não se preucupe, se os encontrar darei um geito de lhe avisar, não se preocupe ( Se deixar sabe menos do que eu, pelo menos deu o recado do Lemes Brito)

Olho para Luiz e Alexandre e os cumprimento com um simples:
Ola, Senhores!

De punhos cerrados, me preparando a possível ameaça que se aproximava, observo atentamente. Quando vejo a pequena criança chegar sorrindo e nos cumprimentar, agacho e por um segundo sem demonstrar nenhuma emoção, acaricio seus cabelos. Ao perceber a chegada de todos, calmamente volto a minha postura normal e digo:

- Vejo que estão reunidos. Então Theodorus, onde nosso senhor deseja nos encontrar?

TODOS:
OFF: algumas vezes manderei msg´s privadas para dar informações que alguns personagens tem e outros não.
Este é um dos casos, peço para que olhem sua caixa de mensagem e verifiquem se há alguma mp para vc´s.

Depois de reunidos no corredor vc´s caminham por menos de cinco minutos até a cabine de Theodorus. Manuela demonstra-se irritada com o som do sermão no convés mais abaixo do navio, muitos imaginam que o motivo do incomodo fosse mais pelo fato da feiticeira ser uma herege do que pelo barulho da cantoria, já que não estava tão alto.

Em pouco tempo vc´s entram na cabine, é um lugar pequeno, com aproximadamente 5m² ou menos, tendo uma cama, um baú e um pequeno banco de dois locais, além de uma mesa no centro onde está um livro. A iluminação é feita por duas lanternas a óleo, uma em cada extremidade.

Lemes Brito andava ao redor da pequena mesa, com um braço cruzado e o outro próximo a boca, como alguém que estava ansioso. No banco de madeira um jovem, está jogado, com os braços abertos e muito pálido.

Ao perceber que vc´s chegam ele responde:

"É bom vê-los meus irmãos e filhos, acomodem-se, não teremos muito tempo mas tenho informações importantes a repassar antes que coloquemos nossos pés em terra firme. Informações vitais para nossa sobrevivência.

Mas para que eu não seja interrompido, darei-lhes a palavra agora no inicio de nossa conversa, e posteriormente quando encerrarmos. Então, alguém tem algo a dizer?

Respondo:
Eu tenho! Ja que são informações tão importantes. meu senhor não deveria estar aqui também para ouvi-las?

Observo atentamente a reação facial de todos na cabine, depois da inteligente porem inesperada pergunta do pequeno imortal, se o silêncio reinar,  antes que alguém ou o próprio mestre diga algo não apropriado a Obediaz, digo.
Nao os conheço metade do necessário, mas, os conheço mais do que gostaria.
Dizer que e de extrema importância seguir sem questionar as ordens do meu senhor, e que devido a situação desse novo Pais, teremos que deixar o individualismo de lado. E como a etiqueta sugeri... me ofereço a ajudar desde ja a meus irmãos e parentes dentro do possível.

Respondo a Luiz:
Entendo o que quer dizer, só estou dizendo que pelo o que eu conheço de meu senhor, ele não ficara nem um pouco satisfeito de não ter sido chamado.

Entrava no lugar e ficava na porta esperando que todos adentrassem, então por ultimo fechava a porta:

- Fiquem a vontade! Caso estejam com fome, podem se deliciar com meu Servo! Olhava para o jovem jogado no canto ria alto - Se é que ainda restou algo para sugar! Hahaha...

Ia para perto de Lemes, se posicionando em seu lado direito.

Me reservo apenas a observar as reações dos demais. Calado, apenas sinalizo a Lemes Brito que não tenho nada a acrescentar. Em seguida, procuro uma cadeira e sento-me cruzando as pernas.

Lemes Brito olha rapidamente para Theodorus agradecendo pelo feito de reunir todos em tão pouco tempo, em seguida ele responde a Obediaz:
Senso de humor é apreciável pequeno, desde que não seja deslocado da situação propícia para isso. Vc sabe que seu senhor foi condenado ainda na Europa a ficar em sonho durante algumas centenas de anos, como poderia ele estar aqui hj?

Ou vc acha que eu deveria simplesmente arrancar a estaca que foi colocada em seu coração a revelia da vontade dos antigos?

Sei que deve sentir-se sozinho e, de certa forma, desprotegido seu teu senhor por perto, mas lembre-se que foram as ações deles que nos condenaram a estar aqui hj, e se quisermos sobreviver teremos que ficar unidos, aqui, seremos irmãos, como uma grande família, sendo eu o pai e Manuela a mãe e vc´s nossos filhos.

Lemes Brito sorri desdenhando para Manuela que demonstra insatisfação com a comparação mas permanece em silêncio por alguns instantes até falar com sua voz rouca:
Nós somos os punidos Lemes Brito, vc é apenas o executor, não se coloque como um dos presentes aqui, vc está a serviço dos antigos e tem obrigações a cumprir, nós temos penas a serem cumpridas.

É claro que para vc é mais fácil controlar-nos pelas palavras e ganhar nossa colaboração, e estou dizendo que tbm prefiro assim, Juan simplesmente arrancaria os dentes de quem não concordasse, mas não precisamos de hipocrisia para lidar com essa questão.

Lemes Brito olha fixamente para Manuela, suas sobrancelhas se mexem e sua testa franze, ele diz, ainda olhando para a bruxa, mas nitidamente falando para todos:

Parece até Juan falando... passou muito tempo negociando com ele antes dele nos trair Manuela? não me julgue, foi ele quem nos colocou aqui, e enquanto vc´s perderam bens mantiveram sua liberdade, serão livres para fazer praticamente o que bem entender na nova terra, eu nunca quis estar aqui e sou forçado a isso, ainda tendo que responder com reverência aqueles que me condenaram então não me coloque como carrasco, sou tão vítima como vc´s e posso ser tão rude quanto Juan, basta que me provoquem para isso.

Tentando recuperar a calma Lemes Brito prossegue:
Alguém mais tem algo a dizer? Algo que seja útil?

Devido as últimas palavraa se lemos Brito, me calo, e ao canto fico aguardando.

Penso:
"Que desgraçado! Como ousa falar assim com minha senhora?!? Quem ele acha que era? Meu desejo é arrancar-lhe o coração e devorá-lo ali mesmo, mas se minha criadora apenas ficou calada, não seria sábio de minha parte."

Digo:
Acho que não ninguém tendo mais alguma coisa a dizer, talvez devamos prosseguir meu pai.

Lemes Brito pára no meio da pequena cabine apoiando o pé na mesinha de centro enquanto diz:
"Tentarei ser breve:

Antes de embarcar procurei me informar ou pouco com outras pessoas que estiveram nesta terra, também conversei com alguns navegantes dos navios.

Bem, dizem que a noite nesta terra a que chama de Santa Cruz é mais quente do que uma tarde ensolarada do nosso velho mundo, alguns afirmam que os dias aqui são mais longos e as noites mais curtas o que, se for verdade restringe muito nosso tempo de ação.

Não estaremos sozinhos, este terra possui nativos, um povo estranho, que não possui a pele nem negra e nem branca e que fala num língua desconhecida para nós. Os padres estão encarregados de apresentar a eles o Cristo e assim ensinaram português e latim como tbm aprenderão a língua deles. São selvagens em tudo, atrasados tecnologicamente e em constante guerra entre si.

Nós desembarcaremos numa pequena vila, onde algumas pessoas estarão nos aguardando, não haverão casas ainda exceto a que essas pessoas ficaram incumbidas de construir, dormiremos nos navios até que os escravos comecem a trabalhar.

Não há metal nesta terra e nem tecnologia suficiente para trabalhá-lo, mesmo assim, um ferreiro acompanha a tripulação, então tenham cuidado com suas moedas e seus objetos de metal, eles serão extremamente valiosos aqui.

Precisaremos dos mortais nesse momento e devemos preservar suas vidas para que as nossas sejam preservadas.
Estaremos num ambiente hostil, os selvagens caçarão o branco e os negros fugirão ou matarão seus senhores assim que puderem, isso acabará nos atingindo, deixando o rebanho escasso e com uma qualidade ruim.

Devemos nos reunir a cada quinzena pelo menos, na primeira reunião que tivermos assim que a primeira das nossas moradias for construída irei determinar cargos e funções , direitos e deveres que balizarão nossa estadia aqui.

Essas leis deverão ser respeitadas, pois são baseadas nas novas leis que surgem agora no velho mundo para nos adequar e proteger do crescimento acelerado dos humanos. Não cumpri-las significa desobedecer a mim.

Não teremos território ainda e nem mesmo rebanho, os mortais são poucos e as áreas habitáveis muito pequenas para reclamarmos uma região ou mortal para si. Tenham moderação nas caçadas e evitem distúrbios desnecessários, para evitar que eu seja acusado de injustiça, qualquer problema que chegar a mim acarretará em punição do reclamante e do reclamado.

Está terminantemente proibido gerar prole, o imortal que ousar isso será caçado por todos os outros, sendo a criação de prole tratado como um crime da mesma proporção do que os crimes de destruição de um dos nossos irmãos.

É comum que usemos as intrigas dos mortais para conseguir nossos objetivos mas até isso deve ser evitado, procurem resolver pelejas entre os humanos de forma pacífica pois nosso objetivo agora é a sobrevivência e para isso temos que ajudá-los a prosperar.

Acredito que seja isso o essencial para que vc´s compreendam as proporções do que estamos por encarar, alguém tem alguma pergunta ou comentário a fazer?

Quando Lemes brito diz que "sera meu pai" penso:
O pai que me trouxe para a vida esta morto e o que me trouxe para a não vida esta condenado, não ouse dizer que sera meu pai.

Escuto atentamente e me mantenho calado.

Meu senhor, será que seria de bom agrado se para proteger a integridade dos escravos e trabalhadores responsáveis das construções das casas, "Os" com habilidades em combate ou até mesmo costumes com a mata, pode-se oferecer proteção na parte da noite?

Lemes Brito responde a Luiz Miguel, em tom paternalista:
Não creio que será preciso, as maiores ameaças aos mortais somos nós mesmos e nossas guerras, por isso estou aqui, para reduzir as chances de ameaças. Caso haja necessidade, não exitarei em entrar em solicitar apoio aos meus filhos.

Ria sussurrantemente, muito mais comigo mesmo, do que para os outros, a cada frase dita por Lemes como se achasse tudo aquilo engraçado:

- Navegantes do navio! Hihi... Noites mais curtas, Hihi... Povo estranho, Hihi... Dormiremos nos navios... Hihi... Em meio aos risos encarava Fernando e sussurrava - Cuidado com as moedas!

No final quando Lemes fala sobre a proibição de gerar prole, olhava para a criança vampiro, e fazia um gesto com sua mão como se cortasse o pescoço, em seguida ria seu riso soluçante, como se tivesse ouvido uma piada engraçada.

Me sinto ofendido por Lemes Brito, todos ali exceto minha senhora pareciam estranhos, vermes traidores prontos a em arrancar a pele ao menor vacilo. Não queria mais estar ali, mas não poderia deixar minha criadora sozinha.

Quando Theodorus me encara fico encarando-o, de forma agressiva, concentro todos os meus esforços numa tentativa de amedrontá-lo.

Intimidação